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terça-feira, 27 de julho de 2010

Boa Noite, Pedro Maciel

Boa Noite, Pedro Maciel

Fiquei muito feliz pela generosidade, pelo reconhecimento, pelo entusiasmo, pela oportunidade...
Eu recebi o convite para a vernissa do seu livro: "Como deixei de ser Deus" na livraria da Vila Lorena.
Não lembro o que me impediu de ir... pois gosto de passear por livros e livrarias, de tomar vinho tinto (recomendação médica, rsrs), de ver gentes e voyeur mulheres e cenas, de estar e deliciar boutades e senso de humor, apesar da timidez e de um certo humor ácido que, às vezes, desanda... rs.
No entanto, duas semanas depois caí de pára-quedas numa fria noite nessa mesma livraria da vila, caí numa vernissa com palestra de um livro de coletânea de haikais... O pequeno auditório cheio para ouvir quatro autores da coletânea....
E, na ocasião, lembrei do seu livro ali lançado e procurei-o e não o achei... e perguntei enfático para a vendedora pelo seu livro ali lançado recentemente... ela pesquisou no computador e me disse que só por encomenda... não entendi o sumiço do livro recém-lançado... ela me explicou que é assim mesmo: a editora deixa em consignação uma quantidade e tal...
Objetei que o livro fora lançado ali há duas semanas atrás!!?! Que recebi o convite, mas não pude vir. Ela ponderou que, então, foram vendidos e não houvera ainda a reposição pela editora, pela distribuidora...
Tenho mania de pegar e folhear e ler aos pedaços e saltos os livros na livraria... e fiquei chateado. Não entendi essa política das editoras e das livrarias... Lembro que em outra oportunidade ainda procurei-o na livraria Cultura Nacional e também só por encomenda e tal... Não curto comprar pela Internet ou correio... Gosto do rito e do contato físico com o livro na livraria, na biblioteca.
Agora, nessa mesma noite da vernissa da coletânea de haikais, ocorreu um fato sui generis ali na livraria: como achei o vinho fraco e demorado por demais no piso da coletânea... Subi, curioso, uma escada (era minha primeira vez nessa loja) e, no topo, dei de cara com um garçom atencioso a servir generosas taças de vinho tinto...
Beleza! Mudei na hora de vernissa e me estabeleci naquele piso, superior em diversos aspectos...
Circulei receoso expressando naturalidade pelo terreno estranho e agitado de público jovem fashion e logo me refestelei estrategicamente num sofá atrás da mesa de autógrafos do escritor...
Observei distraído que não tinha nenhum livro sobre a mesa de autógrafos, nem algum monte de livros ao lado... não vi nada... mas também, estava mais focado no vinho tinto, nas formas e feições femininas, no desfile de beldades e gentes que dei pouca atenção ao fato... mas, de repente, ouvi o autor comentar alto para uma amiga:
Acabou meu livro na livraria! A editora deixou poucos livros...
Quem quiser meu livro autografado tem que trazê-lo de casa!!!
Ou tentar comprá-lo noutra livraria e vir para cá!!?

E ficou sentado na sua mesa com um lindo arranjo de flores, uma decorativa compota de tira-gostos, da qual me servia, educadamente, mas: sem os livros... e ria da sua sorte, da situação um tanto surreal:
Noite de lançamento de um livro sem o livro!!?!
Amigos, convidados, alunos, familiares, do autor, iam chegando e cadê o novo livro? Ganhavam abraços, beijos, explicações, risos, condolências... O escritor tinha ótimo senso de humor, resignado... e barba estudadamente por fazer.
Mais tarde, pedi para ver o livro – o livro avesso a lançamentos - nas mãos de uma consorte sentada no mesmo sofá... não lembro mais o título e o autor, mas lembro que era um livro de ensaios sobre modernidade, filosofia, psicanálise, arte... Lembro de ter visto Nietzsche e Foucault em alguns ensaios...
Lembro, também, que eu saí da livraria da Vila Lorena bem bebum!
Mas, feliz das doses de resveratrol na veia... e na faixa.
E sonhando - por ruas tortuosas suspensas na fria noite - com a boca jolie da morena de belas gargalhadas...
Abraços!
Prometo que ainda vou encontrar seu livro sumido numa dessas viagens livrescas e depois lhe escrevo...

jc.pompeu, jul. 2010 (o relato narrado ocorreu em out. de 2009)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O DIA EM QUE FELIPE MASSA...



o dia em que felipe massa
... de manobra imoral
massa podre de torta circense
não deixou que a experiência que nos passa...

veloz... tão veloz como uma vida
alçasse-o ao panteão dos ídolos no coração
da brava nação sennista.
daqui pra frente pode até ganhar... mas,
ídolo nunca mais será no coração brasileiro.
quando muito, um ídolo de barro,
ídolo bezerro de ouro...
simulacro do ideal heróico e da bela morte;
pois que vendeu a alma de vencedor ao diabo;
se rendeu ao deus mercado/audiência.
fez do mérito, da fúria, do talento, da vontade
mercadoria de si como persona do macacão
ilustrado de marcas&consumos&desejos.
se mandasse o engenheiro de recados a la mierda,
se fiel ao braço hábil e objetivo da gana de vencedor,
se mostrasse nos olhos reflexos o brio da nação,
se bradasse entre os dentes da viseira: "No pasarán!"
se, então, desse um olé! no espanhol e seu cavalo vendido,
e se finalmente, ganhasse o grid 

no grito e a/braço aguerrido da nação reunida na teve
seria, então,
a glória imortal que não tem preço nem vergonha nem desonra.
estaria, para sempre,
nos corações e mentes do povo brasileiro
mesmo que sem campeonato ganho, pois,
ganha estaria a razão de viver e o prazer de vencer;
ganho estaria mais um dia de trabalho digno

mais uma batalha na vida dura
como de tantos brasileiros heróicos sem nome:
só multidão e massa
... de manobra
massa do pão que o diabo amassou.
como disse o bruxo portenho:
"qualquer destino, por longo e complicado que seja,
consta na realidade de um único momento:
o momento em que o homem sabe para sempre quem é".
e que não me venham com desculpas e justificativas,
pois que, vou de Schopenhauer que, em passagem famosa,
escreveu:
"que não há ato,
que não há pensamento,
que não há doença que não sejam voluntários".

jc.pompeu, fatídico jul 2010