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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

o cisma do dia a dia ou de como germinam as sementes das guerras de intolerância e de religião e os holocaustos e as noites de terror e de matança em

o cisma do dia a dia ou de como germinam as sementes das guerras de intolerância e de religião e os holocaustos e as noites de terror e de matança em nome da fé e da verdade da palavra dos deuses...

Imaculada era vista como autêntica e bocuda entre seus pares da escola.
E por isso ela era tolerada, folclorizada e até admirada por algumas pessoas.
Naquele dia foram às compras no Brás, com a colega antípoda.
É sempre assim, os opostos se atraem...
Bateram pernas adoidadas pelas ruas de confecções, acessórios, presentes.
Até que numa loja de roupas finas se esbaldaram de tanto provar e se olhar no espelho e na opinião alheia... A ponto da autêntica Imaculada achar-se cansada de tantas idas e vindas do provador que passou a provar as blusas finas ali mesmo: no meio da loja movimentada.
A colega da rede queria sumir de vergonha...
Mas já estava acostumada com o modo de ser autêntica da Imaculada.
Finalmente fecharam as ricas compras naquela loja de roupas finas e a vendedora, profissional e gentil, agradeceu as clientes:
– Voltem sempre! Que Deus e Nossa Senhora vós acompanhem!
Ao que respondeu Imaculada, altiva e sonora:
– Deus pode vir, mas, Nossa Senhora... Pode ficar com ela!
E se despediram... A colega sem saber onde por o carão da bocuda.
A vendedora, coitada, ficou horrorizada com tamanha grosseria e ofensa à sua ecumênica gentileza.
Imaculada era autêntica evangélica.

jc.pompeu, fev 2010, Contos Fantásticos

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

haicai duplo 139


haicai duplo 139

e/ternas figuras
e esticou o pescoço...
e era modigliani

e/ternas pessoas
e esticou o pescoço...
e era modigliani

jc.pompeu, fev 2010

haicai duplo 138


haicai duplo 138

sede dos diabos
dentro do
busão lotado
lá fora, a chuva...

calor dos diabos
dentro do
busão lotado
lá fora, a chuva...


jc.pompeu, fev 2010

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

LA INVENCIÓN DEL PAISAJE 49


LA INVENCIÓN DEL PAISAJE 49


jc.pompeu, dez 2009

haicai 135


haicai 135

e o monge buñuel
no bar de fumaça surreal
hai!cai! de bunda no mel

jc.pompeu, fev 2010

haicai 133


haicai 133

cadê as abelhas?

cadê o vento sagrado?

cadê os deuses?


jc.pompeu, jan 2010

FELICIDADE

felicidade
"quando se quer ser feliz um copo de água faz a felicidade; quando não se sabe ser feliz um mar de água límpida nunca basta."
jc.pompeu, fev 2010

A ONDA DE CALOR

A Onda de Calor

Era uma onda de calor de muito calor na megametrópole caótica dos trópicos.
Temperaturas acima de 36º C na sombra sem brisa abafada por demais.
Crianças, velhos, obesos, grávidas morrendo na cidade e nos hospitais lotados...
Ela assistia na TV. Ela ouvia na rádio. A velha senhora, sozinha na sua casa simples de quatro cômodos, estava preocupada com o desatino desse tempo muito quente e sufocante de faltar o ar. E rezava e pedia a Deus e pensava...
Numa maneira de aliviar o calor extenuante, de se proteger desse clima diabólico e do pior de tudo: o medo da morte abandonada no calor infernal.
Heureca! Foi quando diante da sua assídua companheira, a TV ligada, sentiu um leve alívio, uma leve brisa, um friozinho nas mãos e no corpo suado, quando no zap maníaco de todo dia, a muda de canal foi para um que transmitia direto e ao vivo as Olimpíadas de Inverno de Vancouver.
Que coisa! No zap-zap, saia e voltava àquele canal de esportes estranhos. E repetia e repetia o zap-zap e mais sentia a diferença na temperatura da salinha mais fresca, mais agradável, mais geladinha, quando a TV ligada estava naquele canal de sempre frio, de sempre neve. Sempre não, porque via e sentia mudanças familiares quando entrava propaganda e intervalo.
Que coisa muito estranha! E resolveu testar e deixou naquele canal de colorido branco e de gente de óculos escuros encapotada de agasalhos e gorros. E foi deixando por ali e até deixou sem som e: não é que sua casa calorenta dos diabos derretendo em brasa ficara mais arejada, mais fresca, mais gostosa de ficar daquele calor insuportável lá de fora e dali de dentro... E ela ria de felicidade da casa geladinha, da sensação gostosa de uma fresca desse calor sem tréguas de castigo dos céus.
– Nossa Senhora! Meu Jesus! Que dádiva divina!
E rezou muito da graça alcançada. Fez novenas a sós. Trouxe a santinha do quarto para junto da TV ligada e refrescante como um oásis no deserto.
Sua casinha e sua vida estavam a salvo da onda de calor de muito calor dos diabos... Bastava a TV ligada nos Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver para experimentar um clima mais ameno, uma temperatura mais fria.
Era assim que o apresentador dizia nas transmissões ou, então, chamava mais curto de: Vancouver 2010!
Bem, o que importava era que lá do outro lado do mundo era inverno de muito frio e muita neve. E pela mesma TV que passava a palavra de Deus, também passava um pouquinho daquele frio salvador até a sua casa, o seu corpo aliviado do calor de morte. Achava que era isso... E ela estava salva da ira divina dos últimos tempos...
Desvario dela, que depois ria sozinha, foi no dia seguinte da casa feliz e refrescada do calorão e livre do medo de morrer assada que saiu pra rua e pra padaria quente como o inferno desse clima louco e que saiu da sua casa pra comprar pão e leite toda agasalhada!
– Meu Deus! Que doideira desse tempo que mexe com as idéias da gente.
E ria feliz e fresquinha, uma blusinha por cima do velho penhoar, sentada na frente da sua companheira ligada naquele canal milagroso da fé e do poder de Deus, o todo poderoso.
Enquanto isso, a TV mostrava lá fora, no zap-zap ligeiro pra espiar, o desespero, a loucura, a mortandade da onda de calor de muito calor a castigar a grande metrópole pecadora.

jc.pompeu, fev 2010, Contos Fantásticos

poesia japonesa...


poesia japonesa... do período edo/nista


era... um banho de
ofurô
com deixa oriental
e rito e reiki e o tao...
ah! belajapa26#
(pétalas róseas de seda meiji)
furou!
na suíte contemplativo...
restou
rosas&algas&saquês&auês
a queixa amargurado
de quimono forte
espada em riste
– um samurai irado –
cadê a tradição?

jc.pompeu, fev 2010

haicai 136


haicai 136

a noite relampeia

clareia nos miolos das nuvens

a idéia de chuva

jc.pompeu, fev 2010

haicai 131


haicai 131

chuva
ar/cai/ca
tamborilando na noite
canção de ninar

jc.pompeu, jan 2010